Estamos num tempo em que mais ou menos todos somos especialistas de carros. Conhecemo-los bem: os tradicionais puxados a gasóleo ou gasolina; agora, os elétricos puxados por uma bateria; os automóveis sem condutor, inexistentes em Portugal mas já vigentes nos Estados Unidos… Geralmente cingimo-nos à técnica e à velocidade com que operam, e ao design, além de nos fazerem um enorme jeito, que os torna muito difíceis de os dispensar ou de viver sem eles.
Geralmente, damos por adquirido de que têm quatro rodas, muitas vezes esquecendo-nos de lhes controlar a pressão, esquecimento que acarreta alguns dissabores. Duas rodas atrás e duas à frente, e lá vai ele...
Esta dinâmica foi muito bem sublinhada pelo Beato Padre Tiago Alberione (1884-1971), formador dum numeroso grupo juvenil de rapazes e de raparigas, que viviam separadamente, mas a quem ele incutia o mesmo espírito (o espírito Paulista) e a mesma formação para o Apostolado entendido como Missão de Evangelização do Mundo através dos Meios de Comunicação Social.
Assim era «a maravilhosa e ampla Família Paulista» - a expressão é de S. Paulo VI, que a usou saudando o seu Fundador na pessoa do Beato Alberione numa audiência celebrada no Vaticano em 28 de junho de 1969.
Vivendo numa Região industrializada (nos Alpes à volta de Turim), aí apareciam os primeiros carros-Fiat, populares, cujas Quatro Rodas lhe sugeriram uma pedagogia como Sabedoria de vida. Tal como nenhum carro pode andar sem as quatro rodas, assim uma Vida Religiosa, moderna, constituída por sacerdotes, e leigos e leigas consagrados à evangelização das massas através duma verdadeira «indústria do Evangelho», não poderia vigorar sem Quatro Rodas: da Piedade, do Estudo, do Apostolado técnico e propagandeado, e do espírito de Pobreza.
Assim, a Roda da Piedade é a virtude da Religião e a quotidiana celebração da Fé. A Roda do Estudo é a formação humana, intelectual e profissional que se deve adquirir, ano após ano, até atingir o grau superior de especialização. A Roda do Apostolado consistia em adquirir-se a ciência prática de se transmitir o Evangelho e toda a doutrina da Igreja Católica não já pelos púlpitos nem dentro dos templos (como era tradicional), mas manusear as novas e diversificadas técnicas de informação e cultura que as massas humanas gostam de apreciar. A Roda da Pobreza, assim chamada por ser muito importante e por se inspirar exatamente na pobreza (evangélica!), tinha o significado amplo de humanização relevante, de trabalho e mão-de-obra salutar, e de equilíbrio económico, atraindo ao Evangelho e à cultura cristã pela novidade da beleza com que por ela se apresenta a luz que Cristo veio trazer ao Mundo.
Padre Mário Santos
Apelação, 09 de setembro de 2024