Milhares de pessoas, mais do que aquelas do que poderia conter a sala Paulo VI, no Vaticano, uniram-se em volta do Papa Francisco a 27 de novembro para celebrar com ele o dom da Família Paulista, nascida há 100 anos pela mão do Beato Tiago Alberione. Uma multidão que celebrou a unidade na diversidade dos dez ramos que nasceram ao longo deste século, num clima de festa e oração que atingiu o seu pico com a chegada do pontífice argentino.
Francisco começou a audiência, após ter percorrido longamente os corredores de acesso cumprimentando quem o esperava desde o início da manhã, evocando o padre Silvio Sassi, o superior geral dos Paulistas, recentemente falecido, que participou “desde o Céu” neste momento de festa.
O Papa recordou os ensinamentos do padre Alberione e convidou todos a “renovar o compromisso de viver a fé e comunica-la, em particular através dos instrumentos editorais e multimédia”, típicos deste carisma.
O discurso desafiou a Família Paulista a ir ao encontro das pessoas, nas periferias existenciais, algo que os paulistas “têm no seu próprio sangue, no ADN”, pelo facto de o seu fundador se ter inspirado na figura e missão de São Paulo.
Depois, na sua linguagem tradicional, o Papa argentino, pede o “favor” de um compromisso de todos em favor da unidade: “Nunca favoreçam os conflitos, nunca imitem os meios de comunicação que apenas procuram o espetáculo dos conflitos e provocam o escândalo das almas. Favoreçam sempre a unidade da Igreja, a unidade que Jesus pediu ao Pai como dom” para a sua Igreja.
Francisco convidou a anunciar a mensagem do Evangelho com “gratuidade” e “amor”: “Todos têm o direito a receber o Evangelho; os cristãos têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém”.
No final das celebrações do centenário de fundação dos institutos religiosos ligados ao Beato Tiago Alberione, o Papa sublinhou que o segredo da evangelização é “comunicar o Evangelho no estilo do Evangelho, na gratuidade, sem negócios, na gratuidade”.
O encontrou incluiu uma delegação portuguesa, com a presença do superior regional dos Paulistas, padre José Carlos Nunes, que cumprimentou Francisco no final do encontro.
A intervenção de Francisco deixou uma palavra de encorajamento aos membros da Família Paulista para que prossigam o seu caminho, sem ficar prisioneiros de “estruturas” mundanas, no anúncio do Evangelho a quem não o conhece ou rejeita, porque muitos desejam “secretamente” receber esta mensagem.
Neste contexto, aludiu ainda à importância da “fraternidade genuína” e a “completa oblatividade” no serviço da Igreja e dos irmãos, em particular os mais necessitados.
O Papa elogiou o percurso de vida do Beato Tiago Alberione, convidando os presentes a seguirem este carisma com “criatividade e fidelidade dinâmica”, testemunhando o Evangelho “com a própria vida”.
O vigário-geral dos Paulistas, padre Celso Godilano, disse em entrevista que a congregação quer continuar a assumir o desafio de transmitir a mensagem católica através dos novos meios de comunicação. “Para nós, é um encorajamento, porque fazer este tipo de apostolado não é fácil, às vezes podemos enganar-nos, mas graças a Deus a Igreja acompanha-nos sempre”, referiu, à margem da audiência.
O sacerdote agradeceu a disponibilidade de Francisco, vista como sinal de que “a Igreja reconhece e aceita” o carisma destes institutos como válido, “especialmente para difundir a Boa Nova”.
“Através dos meios que estamos a usar, podemos chegar a todos”, concluiu o padre Celso Godilano.
O padre José Carlos Nunes, afirmou por sua vez que terminar o ano centenário da fundação da Sociedade de São Paulo e do início da família paulista com uma audiência do Papa, é “uma vez mais, ocasião para renovar a pertença à Igreja”. “A evangelização para nós é um caminho pastoral, na Igreja e com a Igreja, com aquilo que é específico para nós, a comunicação”, acrescentou.
Além da audiência, o final das celebrações foi assinalado com uma Missa em Roma, presidida pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
O responsável disse ser “consolador” ver tantas pessoas, numa igreja paroquial de Santa Maria Rainha dos Apóstolos completamente lotada, sobre o túmulo do Beato Tiago Alberione, cujas relíquias acompanharam a procissão de entrada.
O cardeal Parolin elogiou o fundador da Família Paulista como “genial fundador e insigne apóstolo do Evangelho da Comunicação”. A intervenção evocou outra das figuras presentes ao longo deste dia de celebração, o Beato Paulo VI, que manifestou grande admiração por Tiago Alberione e o quis acompanhar no momento da sua morte.
Com uma atenção particular aos meios de comunicação, os vários ramos da Família Paulista desenvolvem uma ação “válida” nos cinco continentes, ao longo de um século de vida, acrescentou o secretário de Estado do Vaticano.
O cardeal italiano elogiou o “ideal apostólico no campo da comunicação mediática”, numa atividade destinada a “fazer entrar o Evangelho em todo o pensamento e o saber humano”, nas “periferias geográficas e existenciais”. Uma missão que, 100 anos depois, é cada vez mais urgente.